quinta-feira, 1 de junho de 2017

Coisas que aprendi com minhas avós: Minha casa, meu templo


Talvez hoje não consigamos passar muito tempo em nossas casas quanto gostaríamos: a rotina de trabalho, os compromissos e atividades nossas e de nossos filhos fazem com que saiamos muito cedo e voltemos muito tarde para casa. E às vezes acabamos nem gostando muito das nossas casas, ou são pequenas demais ou são bagunçadas demais, ou são numa vizinhança que não gostamos muito. Recentemente, conversando com uma amiga minha, que casou-se há mais ou menos um ano, perguntei a ela o que ela estava achando de sua nova casa. Ela disse que sentia muita falta da casa de sua mãe e que não estava gostando da nova casa, por ser a casa que o marido dela comprou para si antes de eles se conhecerem. Ela reclamou que, devido aos gastos, não havia sobrado dinheiro para contratar um arquiteto e fazer uma reforma nele. Na hora eu pensei, "Quem dera viver numa casa de condomínio fechado com direito a jardim próprio e sala espaçosa", pois eu moro em um apartamento de 90 m², que é dividido por 3 pessoas.

Acho que toda mulher quando se casa, ou mesmo quando vai morar só, sonha com a casa ideal, de revista. De preferência, uma casa grande, espaçosa, luxuosa, com um belo jardim. E quando, muitas vezes nos mudamos para um pequeno apartamento sem espaço para um jardim ou grandes luxos e confortos, ficamos frustradas com o que encontramos.


Lembro bem quando criança a diversão que era ir para a casa das minhas avós nas férias. Eram casas simples, mas tinham um belo jardim e decoração própria baseada no estilo colonial alemão. Tapetes bordados por elas mesmas, toalhas feitas de crochê, uma pintura de cor um tanto duvidosa (sabe aquele verde hospital?), uma cristaleira bem velha de madeira com sua coleção de vidrarias e as santas, aquele piso de madeira já um tanto ruído pelo tempo. Não tinha trabalho de arquiteto ali, tudo era feito aos pouquinhos com o dinheiro e o tempo que dava.

Longe delas achar que aquilo era perfeito. À noite, depois de brincar muito no jardim, comíamos pão com geleia e depois assistíamos às novelas. Aquela era a hora de sonharem: grandes palacetes com teto direito altíssimo, colunas romanas e personagens usando roupas de marca faziam a cabeça das minhas avós. Embora todo o luxo parecesse atraente e fora da realidade, elas não reclamavam do que tinham como lar: a casa delas era seu templo.


Elas foram mães que ficaram em casa, então estavam sempre lá, exceto quando iam à feira ou à Igreja, mas não pareciam se enjoar de seus lares. Em suas cozinhas pequenas faziam os melhores pratos com esmero, na salinha assistiam à televisão ou bordavam algo. Noto agora que elas reverenciavam seus lares: ao entrar tiravam sempre o sapato e à noite agradeciam o teto sagrado. Exibiam os ornamentos que lhe agradavam, os presentes que os filhos traziam e tentavam deixar a casa sempre limpa. Não havia dia em que se encontrasse a casa suja: lembro até da minha avó já bem idosa, com seus 85 anos, limpando o banheiro. O jardim estava sempre florido e bem cuidado e convidava as pessoas a entrarem nas casas.

O que notei é que elas tinham um grande amor pela casa: foi uma conquista delas e sua relação com ela com se estreitava mais e mais. Tanto que foi muito difícil convencer minha avó a ir morar com meu tio quando ela já não podia mais morar sozinha. Ela amava aquele lugar, embora tivesse vivido por lá tantos anos.

Então, após essa reflexão, aqui vão algumas dicas:


Avalie a relação com o seu lar

Como você se sente em sua casa? Sente que é o seu lar? O que te incomoda nele? O que você mais gosta nele?

Remova itens desnecessários ou desagradáveis

Agora que você já avaliou e sabe o que te incomoda, tente remover itens desnecessários ou itens que não te agrada. Uma estante velha: você a odeia, e pode troca-la no momento? Troque por algo que lhe agrada e estará a um passo de gostar mais de seu lar. Se você não pode trocar no momento, avalie a função deste item no seu lar e aguarde o momento certo para trocá-lo.



Fique feliz com a limpeza

A gente reclama que casa dá trabalho, que suja, que é um saco ficar limpando. Mas faça o teste: fique 2 semanas sem limpar a casa. Você provavelmente se sentirá sobrecarregada, negativa e angustiada. Se você puder pagar alguém que faça a faxina, pague, mas se não puder, faça com esmero, pensando no resultado final. Escute uma música que gosta (minhas avós escutavam a rádio local) e tente se divertir no processo. Ao final, você terá uma casa limpa e agradável.



Crie plantas

Talvez você não possa ter um jardim, mas pode criar algumas plantas sim. Mesmo em apartamento, há diversas opções tais como temperos, suculentas e cactos. As plantas dão uma vibração boa à sua casa, eu tenho sentido isso desde que comecei minha hortinha.

Tenha gratidão

A sua casa é uma conquista da sua família. Seja por trabalho duro ou por herança, nunca esqueça de ser grata por ela. Quando temos gratidão, nosso sentimento em relação ao nosso lar sempre cresce e a relação com ele enternece.

Viaje

Dizem que viajar é bom, mas voltar é melhor ainda. Quando viajamos, saímos da rotina e acaba dando aquela saudadezinha das coisas como elas são. Viajar pode ser uma ótima alternativa para fortalecer os laços com o seu lar.



Planeje melhorias

Talvez o dinheiro agora não dê para reformas (ou mesmo para comprar a casa dos sonhos). Mas sonhar e planejar nos faz juntar dinheiro para conseguir o que queremos. Seja economizando no fim-de-semana ou aumentando a renda, podemos fazer se tivermos um objetivo bem claro. Por muito tempo, meu apartamento não teve uma cristaleira. Eu sonhava com ela, projetava. Fui juntando um dinheiro e consegui finalmente tê-la.

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